Mutirão feito pela Secretaria de Saúde zera fila de cirurgias de quadril em crianças com zika no estado
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) zerou, neste sábado (23/08), a fila de cirurgias de quadril em crianças com sequelas neurológicas decorrentes da síndrome congênita do vírus zika. O mutirão, com sete cirurgias, aconteceu no Hospital Estadual da Criança (HEC), localizado na Vila Valqueire, referência em cirurgia pediátrica de média e alta complexidade, além do tratamento oncológico e transplante renal e hepático pelo SUS.
A operação de quadril é uma intervenção importante para corrigir luxações e outras alterações osteomusculares (ossos e músculos), o que, com o crescimento, pode provocar o deslocamento do quadril e outras lesões. A ação contou com mais de 50 profissionais e as cirurgias visam melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Caio Souza, subsecretário de Atenção à Saúde, disse que a secretaria fez um grande esforço para a realização do mutirão que mobilizou grande quantidade de profissionais do hospital para zerar a fila neste sábado.
“Foram procedimentos complexos que, nas cirurgias bilaterais, duraram três horas. Hoje, fizemos quatro com este perfil, sendo cinco em pacientes acometidos pelo vírus zika e as demais, unilaterais. Um esforço enorme de cirurgiões ortopédicos, anestesistas, enfermagem e suporte multiprofissional de CTI para tudo dar certo”, declarou Caio Souza.
A cirurgia, no Hospital Estadual da Criança, significou esperança de dias melhores para Ariene Soares Pereira, de 31 anos, que levou sua filha Helena, de 9 anos, com microcefalia e paralisia cerebral para a realização da cirurgia. As dores fortes só amenizam com o relaxante muscular.
“Todo o meu tempo é dedicado a ela. Helena chora muito devido às dores que só cessam com medicação. A doença progrediu com o tempo e, hoje, temos boas expectativas que tudo vai dar certo. Uma esperança de melhor qualidade de vida, que ela fique de pé e possa alcançar o seu potencial”, disse Ariene, moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Nos últimos quatro meses, as dores de Yoskari, de 9 anos, aumentaram devido ao deslocamento do quadril. Para Karis Guevara, mãe da criança, a cirurgia representa a última tentativa de melhora.
“As dores tornam difíceis várias tarefas que seriam simples, como trocar fralda, vestir roupa ou tomar banho. A cirurgia é o caminho para um ganho de vida, melhora, felicidade e mais tempo na escola”, deseja Karis Guevara, moradora de Queimados.
O chefe da ortopedia pediátrica do HEC, Márcio Cunha, comandou o mutirão de cirurgia de quadril e explicou o processo cirúrgico e os benefícios do procedimento que promove o alívio das dores articulares e musculares, elevando a qualidade de vida da criança com a doença.
“Quando o quadril sai do lugar, a criança passa a sentir dor intensa e progressiva, além do surgimento de complicações, como escoliose, limitações para higiene e dificuldade para se sentar. Nosso trabalho, na mesa de cirurgia, é fazer a reconstrução do quadril. Para isso, é necessário encurtar a cabeça do fêmur para que ocorra o encaixe novamente no local. Usamos enxerto e uma placa de aço para a fixação. O procedimento aumenta a mobilidade, oferece maior independência e qualidade de vida. As cirurgias são um avanço importante na rede pública de saúde do estado”, declarou o chefe de ortopedia do Hospital da Criança.
Fotos: Mauricio Bazilio/SES-RJ.
Assessoria de Imprensa
Secretaria de Estado de Saúde – RJ