Violência contra mulher: saiba como identificar sinais de alerta e onde pedir ajuda
O número de feminicídios no estado do Rio de Janeiro caiu 18,5% entre janeiro e julho de 2025 em relação ao mesmo período de 2024. Foram 53 casos neste ano, contra 65 no ano anterior, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Além disso, também foi registrada queda de 24,2% nas tentativas de feminicídio (de 236, em 2024, para 179, em 2025). No entanto, ocorrências registradas nos últimos dias evidenciam a gravidade da violência que atinge mulheres dentro e fora de casa. A Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ) tem intensificado iniciativas de conscientização, capacitação e fortalecimento da rede de proteção para evitar que este crime continue acontecendo. E faz um alerta: aos primeiros sinais de desrespeito e agressividade, procure ajuda.
– A maioria dos casos de feminicídio pode ser evitada, porque não costuma ser um ato isolado. É fundamental que a sociedade aprenda a reconhecer os sinais da violência e que as mulheres saibam onde e como buscar ajuda. No caso de uma emergência, acione o botão de emergência do aplicativo Rede Mulher ou disque 190. Baixe no seu celular esse app, que também permite conversar e pedir orientações por meio da Sala Lilás Virtual, solicitar uma medida protetiva de emergência e fazer um registro de ocorrência. Não se cale, nem se isole – destacou a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.
O ciclo da violência
A superintendente de Enfrentamento às Violências da SEM-RJ, Giulia Luz aponta que a violência doméstica costuma seguir um padrão, dividido em três fases:
Aumento da tensão – o agressor se mostra irritado por motivos banais, humilha, ameaça e destrói objetos. A vítima, por sua vez, sente medo, tristeza, ansiedade e tende a negar a situação.
Ato de violência – a explosão do agressor se manifesta em violência física, verbal, psicológica, moral ou patrimonial. Nesse momento, a mulher pode ficar paralisada ou buscar ajuda.
Arrependimento e comportamento carinhoso – fase também chamada de “lua de mel”, é quando o agressor demonstra remorso e tenta reconciliar-se, criando um ciclo de dependência emocional
– Esse ciclo tende a se repetir, aumentando progressivamente a gravidade das agressões, que não são somente físicas. A legislação brasileira define cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. É muito importante que as mulheres conheçam e identifiquem essas formas de violência para romperem o ciclo e terem uma vida com dignidade, direitos e livre de violências – orienta Giulia.
Rede de proteção
O Governo do Estado do Rio de Janeiro conta com uma rede qualificada para o combate, prevenção e acolhimento de mulheres em situação de violência. Essa estrutura inclui três Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEAMs), um abrigo sigiloso (Lar da Mulher), 14 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), 47 equipes do programa Patrulha Maria da Penha, bem como UPAs e hospitais estaduais com profissionais capacitados para acolher vítimas. A SEM-RJ oferece ainda o Programa Acolhe, que proporciona abrigamento emergencial temporário em hotéis para mulheres e seus filhos.
O atendimento nos CEAMs não requer que a mulher tenha registro de ocorrência nem é necessário agendamento. Os Centros Especializados oferecem apoio psicológico, jurídico e social, acompanhando a mulher durante todo o processo para que ela consiga romper o ciclo de violência e retome a sua vida.
Essas políticas públicas salvam vidas, como a da Vilma (nome fictício), moradora da Baixada Fluminense, que encontrou no CEAM Queimados o suporte necessário para romper o ciclo de violência vivido com o ex-companheiro, policial militar que chegou a lhe apontar uma arma.
– Aqui no CEAM encontrei apoio para sair do relacionamento que eu vivia e também pude me reencontrar para voltar a viver a minha vida, cuidar dos meus filhos, trabalhar e ter a autoestima que tinha perdido – relatou.
Outros programas e ações
– Nós+Seguras: programa em parceria com as Secretarias de Estado de Educação e Saúde e Instituto Serenas que trabalha prevenção e acolhimento nas escolas estaduais.
– SerH: atua com grupos reflexivos para educação e responsabilização dos homens, incluindo aqueles que cumprem pena ou aguardam julgamento na Cadeia Pública Juíza Patrícia Acioli.
– Ônibus Lilás: percorre municípios do interior, levando atendimento jurídico, psicológico e social para mulheres em vulnerabilidade, com foco no enfrentamento às violências.
– Observatório do Feminicídio: coordenado pela SEM-RJ em parceria com a UFRJ, reúne dados e promove análises para embasar políticas públicas.