Aula inaugural discute formas de combate e prevenção ao abuso sexual, pedofilia e exploração sexual infantil

A sociedade não pode se omitir com qualquer tipo de violência com crianças e adolescentes. Com o objetivo de encarar essa situação, foi realizada, nesta terça-feira (29/07), no Teatro da Fundação Cesgranrio, no Rio Comprido, Zona Central do Rio, a aula inaugural do ‘Nota Zero para o Abuso’, uma iniciativa da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ), em parceria com o Instituto Anjos, que cria mecanismos para o combate e a prevenção ao abuso sexual, pedofilia e exploração sexual infantil. O evento marcou o lançamento da edição 2025 do programa, que vai percorrer as escolas da rede estadual para capacitar gestores e professores e promover a conscientização de crianças e adolescentes.
– É preciso mudar essa consciência, fazer com que a sociedade fale. Não podemos deixar que roubem as faces da infância, que deve ser vivida com ternura, para que possamos crescer conscientes dos valores de ética, moral e acolhimento. A nossa voz reverbera e, por isso, estamos dando continuidade ao programa no ano de 2025. Uma educação que realmente torne cada criança o sujeito da sua própria vida, o protagonista do seu projeto. É esse o nosso desafio – afirmou a secretária de Estado de Educação do Rio de Janeiro, Roberta Barreto.
Historicamente, crianças e adolescentes vêm sendo violentadas e exploradas sexualmente por abusadores e pedófilos. Muitas das vezes, a falta de conhecimento acaba sendo a raiz do problema. O projeto, além de instruir diretores e equipes técnicas de escolas estaduais, percorrerá os 92 municípios do estado, capacitando estudantes normalistas, que serão os novos professores, multiplicadores da proteção às crianças e aos adolescentes.
– Essa iniciativa é de grande importância, e acredito que esse tema deveria ser até mais abordado, pois sabemos que, em sala de aula, a gente se depara muitas vezes com tantas situações que ainda não sabemos como atuar. Então, esse tipo de evento, com esse olhar voltado para os alunos do curso normalista, que serão futuros professores, é de grande valia, para que possam identificar casos, sabendo como lidar com essas questões – analisou a diretora-adjunta Fabíula Lucena, do Colégio Estadual Desembargador José Augusto Coelho da R. Júnior, de Rio Bonito.
Maura de Oliveira, idealizadora do Instituto Anjos, encabeça essa ação que visa informar e educar, oferecendo às crianças, adolescentes e professores conhecimento sobre o tema, habilitando a autodefesa, a autoestima e o empoderamento como garantia dos direitos e prevenção às novas vítimas. Escritora e educadora palestrante, com chancela da Organização das Nações Unidas (ONU) e menção honrosa da ex-primeira dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, ela destacou que a iniciativa tem como objetivo o combate e a prevenção ao abuso e exploração sexual.
— Nós, como sociedade, devemos nos unir para mudar a consciência da sociedade através do conhecimento. Uma criança que tem conhecimento desde o início jamais será uma criança abusada. Precisamos espalhar conhecimento, ensinar sobre consentimento. Todos temos que ter o direito de dizer não. O estado do Rio de Janeiro torna-se precursor de um movimento que envolve a base da nossa sociedade, a educação — disse a educadora, que também dá nome à Lei Estadual 9.234/21, sancionada em 2021 pelo governador Cláudio Castro, que trata do Combate e Prevenção à Pedofilia, Cyberpedofilia, Abuso e Exploração Sexual.
A realidade brasileira
Alguns dados alarmantes chamam a atenção em todo este contexto: cerca de 500 mil crianças e adolescentes são exploradas sexualmente por ano no Brasil, que ocupa o 2° lugar no ranking mundial dessa violência. Além disso, o país possui cerca de 50 mil crianças roubadas anualmente, com destinos dos mais perversos e cruéis. A cada 1 hora, quatro meninas são abusadas, sendo elas as preferidas em 82% dos casos contra 18% de meninos.
– É de extrema importância para nós, futuros educadores, palestras e ações sobre o tema, para que possamos não apenas fundamentar nossa atuação, mas também para que tenhamos um olhar mais cuidadoso para identificar situações que possam estar acontecendo com as crianças e adolescentes – comentou o estudante normalista Alex Sander Freitas Carvalho, de 18 anos, do Colégio Estadual Euclydes da Cunha, de Teresópolis.
São diversos os sinais que podem indicar se um jovem foi ou está sendo abusado, como dificuldade de socialização e concentração, depressão, tristeza constante e até baixo desempenho escolar. Em casos mais extremos, é possível perceber lesões no corpo e até comportamento de automutilação. Acompanhar essa situação de perto é fundamental, e a educação é uma importante aliada para romper o ciclo dessa violência, promovendo uma cultura de prevenção e combate. A ação, que entra em seu segundo ano, representa um marco crucial na proteção e garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes.
– A iniciativa ‘Nota Zero para o Abuso’ não deveria ser tema, mas uma atitude normal na nossa sociedade, porém, infelizmente, temos visto que hoje é pior. Parabéns a todos os envolvidos nesse trabalho, importante para que possamos abrir as mentes das pessoas, para que saibamos onde estamos pisando e como estamos pisando – destacou a desembargadora Ivone Ferreira Caetano, que foi a primeira mulher negra a tornar-se juíza no estado do Rio de Janeiro.
A Seeduc-RJ acredita que esta parceria é indispensável, contribuindo para a prevenção e a redução desses crimes, além de contribuir para a conscientização da sociedade, visando à construção de uma cultura de paz que tanto desejamos.
– Uma ação como essa faz com que possamos refletir e atuar de fato, para que isso não seja normalizado. A comunidade escolar precisa abraçar essa ideia – conclui a professora de Língua Portuguesa Paula Fonseca, que atua há 16 anos no Instituto de Educação Carlos Pasquale, de Nilópolis.
 
 
Fotos: Ellan Lustosa – Seeduc-RJ
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