Como é o ensino cívico-militar que ocupou cinco das dez melhores posições da rede estadual no Ideb do Rio de Janeiro?
Entre os modelos de ensino vocacionados oferecidos pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, um chamou atenção pelo seu destaque nas notas do Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o cívico-militar. Aplicado em 16 escolas da rede estadual, cinco delas ficaram entre as dez melhores, sendo que duas também figuram entre as dez melhores de todas as redes públicas do Rio de Janeiro (Municipal, Estadual e Federal).
Com notas que vão de 5,2 a 5,6 no ranking fluminense, a unidade com melhor colocação foi o Colégio Estadual Sargento PM Antônio Carlos de Oliveira Moura, de Araruama, ocupando o 2º lugar, seguido pelo Ciep 494 – Alexandre Carvalho, de Miguel Pereira. Em 6º, 7º e 8º lugares ficaram os Colégios Estaduais Subtenente PM Cláudio Hentzy Ferreira, de Santo Antônio de Pádua, Coronel PM Marcus Jardim, de São Gonçalo e Segundo Tenente BM Sérgio Rodrigues da Silva, de Cordeiro.
Entre os demais modelos, existem as unidades vocacionadas às linguagens (esporte, música e línguas) e as escolas interculturais, entre outros, que assim como as cívico-militares também funcionam em horário integral, sendo este um fator primordial para que os alunos possam se aprofundar nas matérias e, consequentemente, aprenderem mais. Nessas escolas, os estudantes têm atividades do início da manhã até o final da tarde, passando o dia na escola, onde também fazem suas refeições, tendo mais foco e saindo mais preparados, tanto para o mercado de trabalho quanto para o prosseguimento na vida acadêmica, sendo aprovados nos vestibulares e em concursos públicos, como foi o caso de ex-aluno do CE PM Sargento Antônio Carlos de Oliveira Moura, de Araruama, e recém-formado soldado fuzileiro naval da Marinha do Brasil, Samuel Alves.
— As escolas trabalham mais conteúdos e matérias e isso nos ajuda bastante em concursos. Foi através da escola que eu consegui passar para o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, que era meu sonho de criança. Hoje já estou formado e trabalhando, o que me deixa orgulhoso de ter estudado em uma escola cívico-militar, foi ela que me deu uma boa base. Se a sociedade olhar bem verá que o ensino lá é fortíssimo — disse o ex-aluno.
Apesar de frequentemente confundidas com escolas rígidas, as vocacionadas cívico-militares não devem ser vistas como “colégios militares”, pois são escolas regulares, que seguem as mesmas diretrizes e normas das demais escolas da rede. Para a superintendente de Projetos Estratégicos da Seeduc, Cristina Silveira:
— Essas escolas apoiam a autonomia dos estudantes que têm vocação para carreiras da área da segurança pública. Assim como as demais escolas vocacionadas, elas possuem proposta pedagógica clara, bem definida e proporcionam aos estudantes aproximações e conhecimentos relacionados aos fazeres e práticas de áreas específicas. Isso agrega valor à formação dos estudantes e consolida seus interesses pelas áreas possíveis dentro da carreira desejada, ao mesmo tempo que amplia seu leque de possibilidades.
E prossegue.
— Todo aprendizado necessita de disciplina, ordem, esforço e atenção. Não se aprende no caos, na desordem. Embora disciplina e ordem não sejam exclusividades das escolas cívico-militares, seu “modus operandi” contribui para um ambiente favorável ao aprendizado por zelar pela organização nos espaços de aprendizagens — concluiu a superintendente.
Nessas unidades os alunos também estudam os componentes obrigatórios da Base Nacional Comum Curricular – BNCC e as disciplinas vocacionadas, como Educação Cívico-Militar e Período de Instrução (para o Ensino Médio) ou Temática Militar (para o Ensino Fundamental), e praticam ordem unida. Além disso, a Seeduc tem buscado parcerias para que os estudantes dessas unidades escolares possam fazer imersões e visitas em Organizações Militares para conhecimento do cotidiano dessas instituições, em um esforço para apoiar a vocação dos estudantes.
Os 16 colégios representam apenas 1.29% das 1.233 unidades estaduais. Dez deles possuem parceria com a Polícia Militar e os outros seis com o Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro, esses parceiros realizam atividades pedagógicas com temas ligados às respectivas instituições, como história, tradição, valores etc. Para tanto, esses profissionais devem possuir licenciatura e/ou complementação pedagógica e estão sujeitos às diretrizes das equipes diretivas das escolas, como quaisquer outros docentes/servidores das unidades escolares da rede estadual.
História, ingresso e localização
As primeiras unidades foram inauguradas em 2020. Na época, a secretaria contava com 12 colégios cívico-militares, sendo nove em parceria com a Polícia Militar e três com o Corpo de Bombeiros. Nos anos seguintes foram implantadas outras quatro unidades, totalizando as atuais 16 escolas, localizadas em 15 municípios de diferentes regiões do estado e atendendo cerca de 2.700 alunos dos ensinos Fundamental e Médio.
A forma de ingresso nessas unidades é exatamente a mesma para qualquer outra da rede: inscrição via sistema Matrícula Fácil, um portal online e disponível também nas unidades para aqueles que não possuem acesso à internet. Não há prova de seleção, o candidato precisa apenas informar a unidade desejada e a alocação será feita de acordo com a quantidade de vagas, levando-se em consideração o endereço de moradia do candidato. O portal www.matriculafacil.rj.gov.br tem um cronograma e a primeira fase de matrículas geralmente acontece nos meses novembro e dezembro e a segunda fase no final de janeiro. As datas exatas são definidas e divulgadas previamente nos canais oficiais da Seeduc.
Importante frisar que as unidades escolares cívico-militares não têm qualquer relação com o Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares (Pecim), criadas pelo Governo Federal com gestão compartilhada com as Forças Armadas. As unidades regulares vocacionadas cívico-militares da Seeduc-RJ têm autonomia de gestão a nível estadual e envolvem as secretarias de Estado de Defesa Civil e de Polícia Militar, não tendo qualquer relação com o Governo Federal.
Fotos: divulgação Seeduc.
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